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Música além do som promove inclusão de pessoas surdas no Festival de Música Penedo

Oficina Musilibras ofereceu atividade musical para surdos com auxílio do metrônomo visual

Régis Anário – jornalista / Fotos Bruno Vieira e Régis Anário

24 de outubro de 2023

Promover uma atividade musical para pessoas surdas pode parecer estranho, mas é exatamente essa possibilidade proposta pela oficina Musilibras - Música além do som, realizada no Festival de Música de Penedo e ministrada pelo professor e músico Irton Mário da Silva. Ele criou um equipamento chamado metrônomo visual e isso fez toda diferença para os participantes das aulas.

 

O metrônomo visual tem luzes coloridas e, por meio de uma combinação de lâmpadas de cores e tamanhos variados, possibilita às pessoas surdas tocarem diversos instrumentos de percussão. Aluz azul, por exemplo, quando acesa, sinaliza a emissão de um som forte, a luz verde um som mais suave e a luz vermelha uma pausa ou silêncio. Tudo associado a outras informações visuais.

 

Irton Mário também criou um alfabeto musical em forma de sinais visuais chamado Musilibras para identificar as figuras de cada tempo musical, ou seja, a duração de um acorde ou nota em uma composição.

 

O público da oficina, constituído de surdos e intérpretes daLíngua Brasileira de Sinais (Libras), conheceu e fez uso de ambas as ferramentas musicais inclusivas criadas pelo professor. No caso do metrônomo visual, foi possível perceber como a dinâmica de lâmpadas coloridas acendendo e apagando pode caracterizar a intensidade do som. Com o conhecimento do alfabeto Musilibras foi possível identificar as diversas figuras do tempo musical, como a pausa de semibreve e a pausa de colcheia, por exemplo.

 

A música é universal e todos podemos experienciá-la, ainda que de formas diferentes. Embora não possam ouvir, os surdos sentem a música pela vibração do som e do próprio corpo. ”Música é pra todos. Faz bem pra todo mundo”, enfatizouo professor.

 

Ele conta que em sua infância, em Recife, teve um amigo e vizinho surdo cuja mãe não o deixava participar das brincadeiras que envolviam música devido à surdez do menino. E isso sempre o inquietou, a ponto de crescer querendo investigar uma possível relação da comunidade surda com a música. Para ossurdos, os estímulos visuais associados às vibrações sonoras, além da importante presença dos intérpretes de Libras, possibilitam a eles fazer música em sua cultura surda, desfrutando de vários componentes musicais como ritmo, forma, melodia, harmonia, entre outros.

 

Para Irton, é fundamental compartilharmos experiências livres de qualquer estereótipo ou barreira social. “Música não é apenas algo para ouvir, mas principalmente para sentir, portanto devemos compreender os surdos como seres humanos capazes de sentir música e expressá-la à sua própria maneira”, disse.

 

Os participantes da oficina vivenciaram a experiência de juntos tocarem vários instrumentos a partir dos estímulos visuais propostos pelo professor. No sábado (21), último dia do Festival, a turma da oficina apresentou o resultado no palco do Teatro Sete de Setembro.

 

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